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Livro do mês: "O Planeta dos Macacos"


Editora: Aleph

Tradução: André Telles

número de páginas: 209

cotação: ***** (excelente)


Sinopse: Três astronautas pousam em um planeta muito parecido com a Terra, cheio de florestas exuberantes e com um clima tropical. Mas esse lugar, que se assemelha a um paraíso não é o que parece. Logo, eles vão descobrir que existe algo muito errado nesse novo mundo.


Minha opinião: Há muito tempo que eu queria ler este livro, considerado um clássico da Ficção Científica, que ficou muito tempo sem ser editado no Brasil. Felizmente, editora Aleph que especilizou-se em publicar títulos de literatura fantástica resolveu lança-lo, provavelmente, devido ao sucesso de filmes que retomam e dão uma nova roupagem para alguns elementos inseridos no romance de Boulle, principalmente o preguel "Planeta dos Macacos": a origem e sua sequência - que "Planeta dos Macacos": o confronto, que resultou ainda melhor e mais interessante. Antes de comentar minhas impressões sobre o livro, vou falar um pouco sobre o autor: Pierre Boulle.

Ele tem uma história de vida tão interessante quanto sua principal obra. Antes de torna-se escritor, o francês Pierre Boulle trabalhou como espião a serviço da Inglaterra e durante a Segunda Guerra Mundial foi prisioneiro em um campo de concentração liderado por japoneses. Eu não sabia que, além desse romance, ele também escreveu outro chamado "A Ponte do Rio Kwai", que deu origem a um filme de sucesso, ganhador de vários prêmios Oscar.

Apesar da reconhecida importância de "O Planeta dos Macacos", o autor não considera este seu melhor livro. No entanto, é inegável a importância dessa obra, que pode ser definida como uma "Ficção Científica Distópica". Ao contrário do que muita gente pensa, os filmes baseados em "O Planeta dos Macacos" não são totalmente fiéis a sua trama, até mesmo no que se refere à estrutura narrativa. O romance começa de forma intrigante, no momento em que um casal em lua de mel no espaço, - um evento que causa estranhamento no leitor-, encontra um manuscrito contido em uma garrafa. A partir daí o relato é feito a partir desse escrito encontrado sempre pelo ponto de vista do protagonista, o jornalista Ulysse Mérou, - seu nome não aleatório e depois o leitor vai entender porque ele foi nomeado dessa forma-, que embarca junto com um grupo de cientistas em uma expedição científica rumo a um planeta chamado Soror muito parecido com a Terra. Quando eles chegam neste lugar encontram uma linda mulher com características humanas, que é chamada de Nova, - que evoca a figura de Eva. Aparentemente, o novo planeta é uma espécie de paraíso tropical. No entanto, o autor gradativamente dá pistas que nem tudo é o que parecer ser. O primeiro indício de que existe algo errado é que Nova não consegue se comunicar como uma pessoa normal e somente se expressa por meio de sons guturais e gesto animalescos. Mesmo assim, eles decidem ir atrás da moça e descobrem que existe uma comunidade de humanos que são tão primitivos como ela.

Logo depois ocorre uma das principais cenas do romance. Esse grupo de humanos selvagem é atacado por um bando de macacos. Contudo, esses "símios" revelam ser bem diferentes daqueles que Ulysse vira no zoológico. Eles se comportam e se vestem como os habitantes do planeta Terra!

Abaixo um trecho do romance, que descreve um desses seres, de modo que tais criaturas revelem ao leitor sua impressionante semelhança com os homens e mulheres que conhecemos:

"Ele estava vestido como vocês e eu, quero dizer, com estáriamos vestidos se participássemos daquelas incursões, empreendidas em nosso planeta por embaixadores ou outros personagens importantes, de nossas caçadas oficiais".

Na sequência, Ulysse, sua equipe o grupo de humanos primatas são capturados pelos macacos e levados à sua cidade. Contudo, essa cidade nada tem de rústica e selvagem. Muito pelo contrário. Ela tem uma estrutura exatamente igual às grandes metrópoles urbanas existentes na Terra, formadas por grandes edifícios, com ruas pavimentadas e cheia de carros! Um traço curioso e muito interessante que a arte cinematográfica não soube como reproduzir nos filmes baseados em "O Planeta dos Macacos".

Quando avançamos na leitura, percebemos que a obra, além de ser uma Ficção Científica, também pode ser compreendida como uma sátira social na linha de "As viagens de Guliver". Neste aspecto sátirico, o autor cria uma espécie de "Darwinismo às avessas", de modo a reforçar a ideia de que homem em vez de evoluir está regredindo cada vez mais. Além disso, em alguns trechos do romance, Boulle faz críticas e até mesmo ironiza os avanços científicos, que em vez do progresso podem causar a extinção da humanidade.

Apesar do discurso científico que Boulle adota em algumas passagens, o livro nunca é cansativo e é de leitura fácil e agradável. Não vou comentar mais nada sobre sua trama. Somente vou dizer que seu final além de ser surpreendente é bem mais irônico que o de suas versões cinematográficas - a melhor delas, que vale a pena ser conhecida, protagonizada por Charton Helston e lançada em 1968.

"O Planeta dos Macacos" é uma obra-prima da Ficção Científica, uma vez que nos faz questionar até que ponto o desenvolvimento da Ciência nos faz aprimorar nosso processo de evolução. Recomendo o romance de Boulle para os fãs do gênero e da boa literatura.

Obs: A edição da Aleph tem extras bem interessantes, que enriquecem a leitura. São eles:

-Uma entrevista dada pelo autor a revista Cinefantastique em 1972, na qual ele comenta suas expectativas à época da produção da primeira versão cinematográfica de "O Planeta dos Macacos";

-Um ensaio jornalístico contando um pouco do passado de Boulle como espião e prisioneiro de guerra;

-Um texto estabelecendo as diferenças essencias entre a Ficção Científica americana e a Ficção Científica inglesa escrita pelo tradutor e especialista neste gênero literário, Bráulio Tavares.




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